Muitas pessoas em todo o mundo estão sofrendo porque não sabem quem são seus pais ou porque ficaram órfãos. Mas isso não é nada se comparado com o sentimento de orfandade espiritual. Existe uma força sem limites que se encontra no reconhecimento da filiação divina. Reconhecê-la e assumi-la é fator decisivo e o que ela implica? A Palavra de Deus nos ensina tudo a esse respeito.
Existe uma frase que diz: “Nós somos o que pensamos que somos quando estamos sozinhos”, ou seja, nós revelamos a nossa identidade a nós mesmos quando estamos sozinhos e não há ninguém perto de nós. É a nossa identidade secreta. Uma identidade, muitas vezes, terrível. Deus não nos chamou para sermos agentes secretos, para termos uma identidade diante das pessoas e, sozinhos, outra completamente diferente. Não, a nossa identidade não pode ter esse sentido “camaleônico”, ela tem de ser a mesma, independentemente de onde nos encontramos. Não podemos ser pessoas cujo caráter muda de acordo com os próprios interesses. Nossa personalidade tem de ser única e transparente.
Antigamente, as pessoas davam muito mais valor à palavra empenhada do que hoje. Um fio de bigode de um homem valia mais do que, hoje, contratos e promissórias. Todos devemos ter bom caráter, uma identidade que revele bons princípios e valores, mas principalmente o dos cristãos tem de revelar uma identidade compatível com sua filiação divina. Isso é fundamental para sermos bem-sucedidos e para que saibamos agir corretamente em todas as situações difíceis que certamente enfrentaremos ao longo de nossa vida.
O nosso sucesso tanto no mundo físico quanto no espiritual não depende de há quanto tempo fazemos parte da família de Deus, porque, assim como o filho pródigo, muitos vivem na casa do Pai, ao lado do Pai, mas não desfrutam nem da sua companhia nem das bênçãos Ele tem para cada um dos seus filhos. Muitos não compreendem o que verdadeiramente significa ser filho de Deus. Ele tem um tesouro reservado para você, mas nada mudará em sua vida se você não abrir a tampa deste imensurável baú.
A compreensão desta filiação divina e o consequente entendimento da nossa identidade em Deus fazem toda diferença em nossa vida. Abramos nosso coração e ouçamos Deus nos falar.
Se olharmos a parte de trás da carteira de identidade, veremos que ali consta o nome dos nossos pais, ou seja, a nossa filiação, dizendo de quem somos filhos. Hoje não é tão comum, mas antigamente as famílias exigiam saber de qual família eram os amigos de seus filhos. Se não fossem de uma família tradicional, nobre, eles não eram bem recebidos; além disso, os filhos ficavam proibidos de continuar a se relacionarem com eles. Embora isso não aconteça mais, pelo menos frequentemente, nós precisamos saber quem é o nosso Pai e também temos mostrar ao mundo a nossa filiação. Mas para isso, temos de ter a exata compreensão de quem somos em Deus.
O Pai é um amigo leal que sempre está disposto a ajudar o filho. Quantas vezes recorremos ao nosso pai para nos consolar, nos ajudar financeiramente, nos aconselhar e em tantas outras situações? Mas aqueles que, infelizmente não tem pai ou não sabem quem ele é, não podem fazê-lo. Quantas vezes, na batalha da vida, quando estamos em meio a pressões, enfrentamos as lutas impostas pela nossa sobrevivência neste mundo e até mesmo quando o diabo e seus demônios se levantam, nos esquecemos da nossa identidade, da nossa filiação? Não se fala, agora, sobre a nossa filiação terrena, como filhos de pai e mãe terrenos, mas da nossa identidade espiritual, como filhos do nosso Pai divino.
Quando nascemos de novo, não deixamos de ser filhos de nossos pais terrenos, mas a partir desse instante nos tornamos filhos de Deus. Assim, na nossa identidade espiritual, no local da filiação consta Deus como nosso Pai. O nosso novo nascimento não acontece como o natural, nascidos de uma mulher, mas, como disse Jesus, da água e do Espírito (João 3,5). Somos feitos filhos de Deus não mediante o parto de mulher, mas mediante o sacrifício de Jesus na cruz (João 1,12). Como crianças sem pai, perdidas e à mercê de toda maldade humana, estávamos perdidos em nossos pecados e à mercê de toda maldade do diabo. Quando entregamos nossa vida para Jesus, fomos libertados da escravidão de Satanás e conduzidos para a verdadeira liberdade de Cristo Jesus. Não precisamos viver amedrontados pelo que possa nos fazer o homem nem o diabo, porque não recebemos o espírito de escravidão para vivermos, outra vez, atemorizados, mas recebemos o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba Pai (Rm 8,15). Além disso, o Senhor está conosco, por isso podemos dizer: “Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem?”(Sl 117,6). O Senhor “no seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade”(Ef 1,5). E isso não acontece por merecimento, porque pela graça somos salvos, mediante a fé; e isto não vem de nós; é dom de Deus; não das obras, para que ninguem se glorie (Ef 2,8-9). Uma obra perfeita para que todos nós possamos ter uma identidade única em Jesus. Somos filhos de Deus, mediante Jesus, e não podemos nos intimidar diante das presses do mundo físico e spiritual nem deixar que outras pessoas ou mesmo o diabo questione a nossa filiação divina. Temos certeza absoluta da nossa paternidade divina, porque “O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus”(Rm 8,16).
Lembremos em todos os momentos, em nós habita o Espírito Santo e que é o próprio Espírito do Senhor que testifica com o se espírito afirmando esta verdade absoluta: somos filhos de Deus. Assumamos essa nova identidade divina e tomemos posse de todos os privilégios que ela nos dá, mas não esqueçamos das resposabilidades que esse privilégio acarreta:
“Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.”(1 Jo 2, 4-6)