Thursday, December 26, 2013

Uma nova identidade


Muitas pessoas em todo o mundo estão sofrendo porque não sabem quem são seus pais ou porque ficaram órfãos. Mas isso não é nada se comparado com o sentimento de orfandade espiritual. Existe uma força sem limites que se encontra no reconhecimento da filiação divina. Reconhecê-la e assumi-la é fator decisivo e o que ela implica? A Palavra de Deus nos ensina tudo a esse respeito.
Existe uma frase que diz: “Nós somos o que pensamos que somos quando estamos sozinhos”, ou seja, nós revelamos a nossa identidade a nós mesmos quando estamos sozinhos e não há ninguém perto de nós. É a nossa identidade secreta. Uma identidade, muitas vezes, terrível. Deus não nos chamou para sermos agentes secretos, para termos uma identidade diante das pessoas e, sozinhos, outra completamente diferente. Não, a nossa identidade não pode ter esse sentido “camaleônico”, ela tem de ser a mesma, independentemente de onde nos encontramos. Não podemos ser pessoas cujo caráter muda de acordo com os próprios interesses. Nossa personalidade tem de ser única e transparente.
Antigamente, as pessoas davam muito mais valor à palavra empenhada do que hoje. Um fio de bigode de um homem valia mais do que, hoje, contratos e promissórias. Todos devemos ter bom caráter, uma identidade que revele bons princípios e valores, mas principalmente o dos cristãos tem de revelar uma identidade compatível com sua filiação divina. Isso é fundamental para sermos bem-sucedidos e para que saibamos agir corretamente em todas as situações difíceis que certamente enfrentaremos ao longo de nossa vida.
O nosso sucesso tanto no mundo físico quanto no espiritual não depende de há quanto tempo fazemos parte da família de Deus, porque, assim como o filho pródigo, muitos vivem na casa do Pai, ao lado do Pai, mas não desfrutam nem da sua companhia nem das bênçãos Ele tem para cada um dos seus filhos. Muitos não compreendem o que verdadeiramente significa ser filho de Deus. Ele tem um tesouro reservado para você, mas nada mudará em sua vida se você não abrir a tampa deste imensurável baú.
A compreensão desta filiação divina e o consequente entendimento da nossa identidade em Deus fazem toda diferença em nossa vida. Abramos nosso coração e ouçamos Deus nos falar.
Se olharmos a parte de trás da carteira de identidade, veremos que ali consta o nome dos nossos pais, ou seja, a nossa filiação, dizendo de quem somos filhos. Hoje não é tão comum, mas antigamente as famílias exigiam saber de qual família eram os amigos de seus filhos. Se não fossem de uma família tradicional, nobre, eles não eram bem recebidos; além disso, os filhos ficavam proibidos de continuar a se relacionarem com eles. Embora isso não aconteça mais, pelo menos frequentemente, nós precisamos saber quem é o nosso Pai e também temos mostrar ao mundo a nossa filiação. Mas para isso, temos de ter a exata compreensão de quem somos em Deus.
O Pai é um amigo leal que sempre está disposto a ajudar o filho. Quantas vezes recorremos ao nosso pai para nos consolar, nos ajudar financeiramente, nos aconselhar e em tantas outras situações? Mas aqueles que, infelizmente não tem pai ou não sabem quem ele é, não podem fazê-lo. Quantas vezes, na batalha da vida, quando estamos em meio a pressões, enfrentamos as lutas impostas pela nossa sobrevivência neste mundo e até mesmo quando o diabo e seus demônios se levantam, nos esquecemos da nossa identidade, da nossa filiação? Não se fala, agora, sobre a nossa filiação terrena, como filhos de pai e mãe terrenos, mas da nossa identidade espiritual, como filhos do nosso Pai divino.
Quando nascemos de novo, não deixamos de ser filhos de nossos pais terrenos, mas a partir desse instante nos tornamos filhos de Deus. Assim, na nossa identidade espiritual, no local da filiação consta Deus como nosso Pai. O nosso novo nascimento não acontece como o natural, nascidos de uma mulher, mas, como disse Jesus, da água e do Espírito (João 3,5). Somos feitos filhos de Deus não mediante o parto de mulher, mas mediante o sacrifício de Jesus na cruz (João 1,12). Como crianças sem pai, perdidas e à mercê de toda maldade humana, estávamos perdidos em nossos pecados e à mercê de toda maldade do diabo. Quando entregamos nossa vida para Jesus, fomos libertados da escravidão de Satanás e conduzidos para a verdadeira liberdade de Cristo Jesus. Não precisamos viver amedrontados pelo que possa nos fazer o homem nem o diabo, porque não recebemos o espírito de escravidão para vivermos, outra vez, atemorizados, mas recebemos o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba Pai (Rm 8,15). Além disso, o Senhor está conosco, por isso podemos dizer: “Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem?”(Sl 117,6). O Senhor “no seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade”(Ef 1,5). E isso não acontece por merecimento, porque pela graça somos salvos, mediante a fé; e isto não vem de nós; é dom de Deus; não das obras, para que ninguem se glorie (Ef 2,8-9). Uma obra perfeita para que todos nós possamos ter uma identidade única em Jesus. Somos filhos de Deus, mediante Jesus, e não podemos nos intimidar diante das presses do mundo físico e spiritual nem deixar que outras pessoas ou mesmo o diabo questione a nossa filiação divina. Temos certeza absoluta da nossa paternidade divina, porque “O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus”(Rm 8,16).
Lembremos em todos os momentos, em nós habita o Espírito Santo e que é o próprio Espírito do Senhor que testifica com o se espírito afirmando esta verdade absoluta: somos filhos de Deus. Assumamos essa nova identidade divina e tomemos posse de todos os privilégios que ela nos dá, mas não esqueçamos das resposabilidades que esse privilégio acarreta:
“Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.”(1 Jo 2, 4-6)

Tuesday, December 17, 2013

O PRIVILÉGIO DE SER FILHO DE DEUS!!!


Um dos sentimentos que mais machuca é o sentimento de orfandade. Algumas pessoas não conhecem o seu pai; na identidade delas consta apenas o nome da mãe no local da filiação. Isso porque o pai não quis saber do filho e abandonou a mãe quando ele ainda estava em seus primeiros dias de gestação. Há outros que ficaram órfãos de pai e mãe porque ambos faleceram ou simplesmente porque eles o abandonaram à sorte da vida. Esses filhos foram morar com seus parentes ou acabaram em um orfanato.
E ainda existem aqueles filhos que foram esquecidos por seus pais apesar de morarem com eles, são os órfãos de pais vivos. Outros que foram jogados “fora” e abandonados como uma mercadoria estragada. Os noticiários sempre mostram casos de crianças que foram literalmente jogadas em latas de lixo, enroladas em sacos plásticos e lançadas em rios poluídos. Filhos abandonados por pais que não queriam a responsabilidade de cuidar dessa “mercadoria”, desse filho indesejado. Quando são pegos, esses pais se debulham em lágrimas de “crocodilo” na tentativa de justificarem por que jogaram seus filhos fora. A expressão popular derramar “lágrimas de crocodilo”, usada para designar um choro fingido surgiu de um fato real que acontece com os crocodilos. Quando o animal come a presa, ele a engole sem mastigar. Para isso, abre a mandíbula de tal forma que ela comprime a glândula lacrimal, localizada na base da orbita, o que faz com que os répteis lacrimejam.
Para alguns filhos a ajuda chegou tarde demais; para outros a ajuda trouxe uma oportunidade de viver. Essas vidas ficarão marcadas para sempre e terão na identidade a informação: “pais desconhecidos”.
         Existem ainda aqueles filhos cujos pais foram amorosos ao extremo, idolatrando-os e não lhes impondo limites nem lhes aplicando disciplina. Pela falta da correção certa, alguns se tornam marginais e se enveredaram pelo caminho das drogas, do crime e da prostituição. E, quando presos, culparam seus pais por não lhes terem dado os limites de que tanto precisavam.
Mas há um fato que supera toda dificuldade que o ser humano possa ter enfrentado ou ainda enfrenta como filho. Não importa o tipo de pai biológico que se tenha tido, existe um pai amoroso e verdadeiro. Existe um pai que sempre se portou com equilíbrio e equidade. Um pai que mesmo amando com a força indescritível, sabe a hora que precisamos ser corrigidos. Um pai que não se esconde na hora que mais precisamos dele. Um pai perfeito e justo. Esse pai que nunca vai desamparar-nos nem decepcioná-nos é Deus. Ele mesmo disse:
Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca. (Isaías 49.15).
Quando nos sentimos sozinhos e não sabemos para onde ir ou a quem recorrer; se a dor da orfandade está nos consumindo, lembremos de que temos um pai que nos ama incondicionalmente e que nunca se esquecerá de nós. Acheguemo-nos a Ele com o coração aberto para receber tudo o que Ele tem pra dar. Acheguemo-nos a Ele com o coração desejoso em conhecê-lo profundamente para se relacionar intimamente com Ele. Deus é nosso pai amoroso, o nosso paizinho. Quando um dos discípulos de Jesus lhe pediu que os ensinassem a orar. Ele os ensinou: “quando orardes, dizei: Pai, santificado [...]” (Lucas 11.1-4). Neste momento, Jesus queria que seus discípulos conhecessem Deus como Pai, por isso ele não falou em hebraico, mas em aramaico “Aba, Pai”, porque o hebraico não possuía uma palavra capaz de traduzir a intimidade do coração do Pai. O aramaico era a língua do povo, e Aba, pai, paizinho, é uma expressão que carrega a força do amor e do cuidado do Pai, do único Pai perfeito e perfeitamente justo.
Jesus mostrou aos seus discípulos que Deus é Pai, e Ele nos ensina isso, hoje, pela palavra de Deus. Não nos relacionemos com Deus apenas como um ser superior, porque embora ele seja onisciente, onipresente e onipotente é também amor (1 João 4.8,16). O maior privilégio que temos como filhos de Deus é exatamente a liberdade de nos achegarmos a Ele com confiança, a qualquer momento (Hebreus 4.16). Podemos se aproximar de Deus do jeito que estamos e nos expor a intimidade do seu coração, mesmo porque ele já conhece tudo a nosso respeito. Quando abrimos nosso coração para Deus, o estamos reconhecendo como Deus e como Pai declarando a soberania Dele em nossa vida. Isso faz toda a diferença. Como filhos de Deus, temos o direito à vida eterna (João 3.16); à fé que move montes (Marcos 11.23); a vencer as forças do mal (Lucas 10.19); a fazer as obras que Jesus fez e outras ainda maiores (João 14.12); de sermos co-herdeiros com Cristo (Romanos 8.17); temos direito às moradas celestiais que Cristo foi preparar (João 14.12); a novos céus e novas terras (1 Pedro 3.13); a termos nossas orações atendidas (Mateus 21.22) e tantos outros privilégios que Deus nos garante em sua palavra.
O tempo de escravidão acabou. Não moramos mais numa senzala e não temos um capitão do mato nos perseguindo. Não mais estamos nas garras do diabo nem pertencemos ao reino das trevas. Agora, temos um Pai, Deus, o todo-poderoso, e pertencemos ao “reino do seu filho muito amado.” (Colossenses 1.13).
A grande dificuldade para alguns é que o referencial de Pai que têm é o de um pai omisso e distante. Um pai que não dialoga, não abraçava, não beijava, não fazia carinho, não tinha afeição alguma. Era um pai ausente. Outras vezes, era aquele pai que só conversa para disciplinar, que vivia mais como um policial, um inspetor, anotando todas as faltas para cobrar mais tarde. Não era um pai que incentivava e dizia: “Vá avante, caminhe! Estou com você! Não desanime!” Com um tipo de pai que só sabe dar ordens, o filho acaba por não encontrar espaço para crescer e se tornar um individuo completo, plenamente realizado. É por isso que alguns têm dificuldades em ver Deus como seu pai. A palavra diz para não vivermos atemorizados, porque não recebemos o espírito de escravidão, mas “o espirito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Romanos 8.15).
A sua filiação é divina, e nossa identidade é a de filho de Deus. Por mais delicadas que sejam as situações que venhamos a enfrentar, podemos clamar: “Meu pai! Meu Paizinho”, e ele virá ao nosso socorro.
Não há um momento sequer que um filho deixa de ser filho do pai, porque há uma carga genética que os une; queiram ou não. Assim, como filhos de Deus, temos uma carga genética que nos é concedida pelo sangue de Jesus derramado na cruz do calvário. Somos filhos de Deus, adotados mediante o sacrifício de Jesus quando entregamos nossa vida a Ele.

Friday, December 6, 2013

Os mestres de Jesus

Jesus cresceu em graça, estatura e sabedoria graças a seus grandes mestres. Mesmo sendo filho de Deus, Jesus se colocou como aquele que também aprende para nos dar o exemplo que sempre devemos aprender uns com os outros. Não importa o quanto sabemos e quanto tempo temos de caminhada, mas importante é ser humildade para aprender com aqueles que Deus os cofia dia a dia. E que foram os mestres de Jesus? 

Os pais de Jesus 

Os judeus admiravam-se do conhecimento e sabedoria de Jesus (ef. J0 7,15). Eles só reconheciam como mestres da lei em Jerusalém, como Paulo que foi discípulo de Gamaliel. Embora lhe faltasse credenciais oficiais, Jesus era qualificado para ensinar. 
Quais foram os mestres? Os primeiros mestres de Jesus foram seus pais (cf. Lc 2,52). Era costume da mãe judia dar aos filhos a educação básica no bom comportamento. Conforme os filhos cresciam, ela instruía as meninas sobre seus futuros deveres de esposas e mães (cf. Pr 31,10-31). O pai assumia a responsabilidade de ensinar aos meninos princípios religiosos e uma profissão (cf. Dt 4,9). Certamente, Jesus aprendeu como o bom exemplo de seus pais em todos os aspectos da vida diária e especialmente do ambiente religioso de seu lar. 

A sinagoga 

Jesus teve também uma escolaridade formal na sinagoga. A vida religiosa dos judeus se desenrolava nas sinagogas, que eram locais de oração, onde também funcionava o tribunal religioso e a escola. As sinagogas do tempo de Jesus tinham uma escola anexa para a formação dos meninos mais novos. O ensinamento era baseado no estudo da Torá. O estudo para um judeu devoto é um ato de adoração de glorificação a Deus, fonte de toda sabedoria. Jesus deve ter passado pela escola da sinagoga de Nazaré. 

Aprendizagem Informal 

A aprendizagem informal também fez parte da formação de Jesus. As crianças aprendiam por meio de suas brincadeiras (cf Lc 7,31-32), nas celebrações religiosas, na convivência social e no contato com as pessoas no mercado, no poço etc. 

A Natureza 

Outra fonte de formação era a natureza. Jesus, vivendo em ambiente agrícola, tinha familiaridade com o arar dos campos, o semear da semente, a colheita da safra e o armazenamento do produto nos celeiros. 

O mundo do trabalho 

Jesus prestava atenção e aprendia também com as relações do mundo do trabalho, sendo ele mesmo um trabalhador. Assim vemos: a construção (Lc 12,18); contratação de trabalhadores e pagamento dos salários (Mt 20,1-15); atividade bancária (Mt 25,27); cobrança de dívidas (Lc 7,41-42); compra e venda (Lc 14,18-19). 

A Sabedoria divina 

Mas, sem dúvida, a fonte de aprendizagem mais importante foi a sabedoria do alto, a sabedoria Divina. Jesus é a sabedoria de Deus que esteve presente na obra da criação. “Tudo foi criado para ele para ele” (Cl 1,16). No capitulo oito do livro dos Provérbios é apresentada a Sabedoria personificada como mestre capaz de livrar do mal, da idolatria. Ela se destina não só a alguns, mas a todos que quiserem escutá-la de coração aberto. Suas qualidades lembram as do rei messiânico (cf Is 11,2). Quem a encontra, encontra a vida, quem dela se afasta caminha para a morte. Aplicando este texto a Jesus, vemos que ele trouxe a salvação, o dom messiânico por excelência a todos os homens. A carta aos hebreus nos diz que Jesus, como homem, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos (cf Hb 5,7-8). Podemos dizer também que, como homem, Jesus aprendeu a sabedoria no encontro com o Pai, na oração. E ele diz que nos dá a conhecer tudo que ouviu do Pai (cf. Jo 15,15). 

Os Mestres de Israel 

Estes eram leigos competentes, que ensinavam a viver a vontade de Deus. Transmitiam um estilo de vida experimentado por eles. Esse estilo de vida era o sentido da existência, o sentido de suas vidas. Eles ensinavam com base em seus exemplos. 
Dessa forma, eram considerados mais importantes que os pais naturais, pois estes davam a vida e os mestres ensinavam a vivê-la. O ensino dos mestres de Israel revelava a forma de cumprir a própria vocação. Seus exemplos eram mais importantes que suas palavras, seus títulos, seus estudos; neles estava a sua autoridade. Além do mais, era o estilo de vida arrojado e autêntico que atraia os discípulos para suas “escolas”. 

Que o Senhor nos ensine a valorizar todas as pessoas e lugares por onde passamos e onde aprendemos muitas coisas. Jesus, seja nosso maior exemplo, mas também nosso mestre maior!!!

Monday, November 18, 2013

A pedagogia de Jesus (Parte 2)


Jesus tinha toda uma metodologia para dar seus ensinamentos aos gentis. Suas principais estratégias eram:

1.      JESUS ENSINAVA PELO EXEMPLO (cf. Mt 11,29).
Incorporava a fidelidade à vontade de Deus. Revelador e doador da autêntica vida humana. Testemunhava.
2.      BASEAVA-SE NA EXPERIÊNCIA DE VIDA DE SEUS OUVINTES.
Falando numa linguagem que o povo entendia, Jesus tratava das necessidades reais das pessoas; falava concretamente sobre os acontecimentos do dia-a-dia de suas vidas. “Não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco em seu coração” (Gaudium et Spes 1).
3.      JESUS PERGUNTAVA E RESPONDIA A PERGUNTAS (cf. Lc 2,46). 
     Questionava seus discípulos para que aprendessem a entrar em si mesmo e encontrar as respostas. Pois se isso não acontecesse o Evangelho não encontraria um solo fértil onde lançar raízes; não se tornaria vida.
Suas perguntas eram desafiadoras e até mesmo perturbadoras;
·      “E vós quem dizeis que sou?” (Lc,20);
·      “Qual dos três parece o próximo?” (Lc 10,36);
·      “Que procurais?” (Jo 1,38);
·      “Queres ser curado?” (Jo, 5,6);
·      “Crês no Filho do Homem?” (Jo 9,35);
·      “Eu sou a ressurreição e a vida ... Tu o crês?” (Jo 11, 25-26);
·      “Entendeis o que eu fiz convosco?” (Jo 13,12);
·      “Tu me amas?” (Jo 21, 15-17).
E Jesus respondia as perguntas que lhe eram feitas. As respostas, muitas vezes, não agradavam a até mesmo desconcertavam os que perguntavam, a ponto de seus adversários concluírem ser embaraçoso fazer perguntas a Jesus (cf Lc 20,40). Não pretendia dar receitas ou fórmulas. Seu objetivo era que saísse do coração dos discípulos a resposta certa.
4.      JESUS USAVA AS ESCRITURAS HEBRAICAS.
Jesus tinha um profundo conhecimento das Escrituras: eles as estudou, meditou sobre elas, orou com os salmos, baseou nelas seu ensinamento, correspondeu as suas exigências na vida diária. 
· Usou a Escritura em sua defesa no diálogo com o Tentador no deserto (cf. Lc 4,1-13); 
· Na Sinagoga, em Nazaré, proclamou seu projeto citando o profeta Isaías (cf. Lc. 4,16-21). 
E em muitos outros momentos, especialmente respondendo aos fariseus e aos saduceus. 
5. PROVÉRBIOS OU FRASES-CHAVE. 
Jesus sintetizava o ensinamento num provérbio comum na vida do israelita, para que ficasse gravado na mente e servisse como critério de vida: 
· O sábado foi feito para o homem em ao o homem para o sábado (cf. Mc 2-27); 
· Nisto está certo o ditado: um planta e o outro colhe (cf Jo 4,37). 
6. REPETINDO. 
Ensinou as mesmas coisas várias vezes para que ficassem gravadas nas mentes de seus ouvintes, se tornassem programa de vida e pudessem ser ensinadas a outros (cf. Mt 25,31-46). No mistério do Reino, explicou em 13 parábolas diferentes. Na explicação do juízo final, repete três vezes a lista das seis obras de misericórdia. 
7. EXAGERANDO OS CONTRASTES. 
Esta era uma característica oriental para chamar a atenção sobre algum ponto: 
· Os dois devedores (cf. Mt 18, 23-35); 
· O cisco no olho do irmão (cf. Lc 6,41-42); 
· A casa sobre a areia e sobre a rocha (cf. Mt 7,24-27). 
8. COM IMAGENS E COMPARAÇÕES. 
Seu ensinamento era concreto, usava as coisas do dia-a-dia das pessoas. Coisas às quais os ouvintes pudessem se reportar e comparar o ensinamento: lírios do campo; pássaros do céu; fermento; semente de mostarda... 
· “Eu sou a porta” (Jo 10,9); 
· “Eu sou a luz do mundo” (Jo, 8,12); 
· “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10,11). 
Toda a criação se tornava evangelizadora. A natureza era o seu “livro-texto”. 
9. PARÁBOLAS (CF. Mc 4,34). 
A parábola (pôr em paralelo, comparar) é um gênero literário no qual o ensinamento é dado à maneira de relato dramatizado baseado na vida real. Com base nelas os discípulos respondiam a si próprios. Cada qual tirava a sua própria conclusão e aplicava a qualquer aspecto da vida. 
10. AÇÕES SIMBÓLICAS. 
Assim como os profetas do Antigo Testamento, Jesus também usava ações simbólicas (sinais). Lavando os pés de seus discípulos, o Mestre coloca-se como servidor (cf. Jo 13, 1-17). A inversão da relação mestre-servidor revela a nova ordem no Reino de Deus (maior é o que serve). 
11. FAZENDO AS COISAS. 
Ensinava com seu exemplo mais do que com palavras. Seu estilo de vida era seu maior ensinamento (cf. Mt 11,29). Vivia primeiro o que pregava. O objetivo de Jesus não era acumular os discípulos de conhecimento e sim que eles tornassem vivas cada uma de suas palavras (cf. Jo 8,31). 
12. TINHA PREFERÊNCIA PELOS DISCÍPULOS. 
Prioriza o atendimento e o ensinamento dos discípulos. Ensinava-os a orar (cf Lc 11,1); formava-os na doutrina, pessoalmente (cf Mc 9,31); caminhava com eles (cf Mc 8,10), tornando-se mais íntimo; explicava-lhes todas as coisas, de maneira que entendessem (cf. Mc 4,34); procurava estar sempre perto deles (cf. Lc 12,1); dava exemplos de como deveriam agir uns com os outros (cf. Jo 13,5); chegou a celebrar a Páscoa com eles (cf. Mc 14,14); apareceu-lhes primeiramente após a sua ressurreição (cf. Jo 21,14). Isso demonstra todo o carinho e respeito que Jesus tinha pelos seus formandos. Ele doava a própria vida por cada um deles. 
Jesus encarregou os seus apóstolos de ensinar (cf. Jo 20,21). O ensinamento é o primeiro dos ministérios narrados nos Atos dos Apóstolos (cf At, 2,42). Hoje somos nós os formadores.
Precisamos nos preparar com oração e estudo, crescendo em sabedoria e graça, para da ao povo a sã doutrina, abrindo-lhes os tesouros de experiência de Deus, de santidade e de discernimento da tradição católica.
Jesus se apresenta a só hoje pedindo que assumamos um compromisso livre e sincero com ele como nosso Mestre. Para que, formados por ele, possamos formar outros. A resposta é nossa; o dom da fé é dele.
Que o senhor nos unja com a criatividade do Espirito Santo!!!

Wednesday, November 6, 2013

A pedagogia de Jesus (Parte 1)



Nos Evangelhos encontramos 48 vezes o termo “mestre”, do hebraico rabi. Este é um dos poucos títulos que Jesus atribui a si mesmo (cf Jo 13,13). 
A quem se destinava a formação de Jesus? Quais eram seus ouvintes? Nos Evangelhos vemos que Jesus ensinava as multidões (cf Mc 10,1). 
Diferente dos mestres de seu tempo, Jesus ensinava a todos: homens, mulheres e crianças, que o acompanhavam e se reuniam para ouvi-lo, atraídos pela nova doutrina que Ele apresentava e pelos milagres que realizava. 
Outras diferenças: Jesus era itinerante, enquanto os mestres de Israel tinham um lugar fixo para ensinar; era Jesus quem escolhia seus discípulos (cf Jo, 15,16), enquanto os mestres de Israel atraiam os discípulos p ela maneira como viviam a lei; os mestres de Israel acompanhavam o discipulado por um tempo determinado, enquanto o discipulado de Jesus era para toda a vida (cf Lc 9,63); Jesus chamava seus discípulos de amigos, e não os tratava como escravos (cf J0 15,15); os discípulos de Jesus não tinham fama, autoridade como os discípulos dos mestres de Israel; ao contrário, sofriam perseguições, calúnias, apedrejamentos, tentativas de assassinatos (cf Mt 5,11). 
Jesus ensinava também aos líderes do povo e, às vezes, entrava em calorosos debates com eles. 
Os discípulos estavam sempre com o Mestre, convivendo com ele e ouvindo seu ensinamento. Mas, de vez em quando, Jesus os chamava à parte para ensiná-los e formá-los mais profundamente, preparando-os para dar seguimento à sua missão. Dos 72 discípulos Jesus separou 12 para formá-los mais de perto, para torná-los mestres. Jesus formou quatro apóstolos por ano. Ele primava pela qualidade e não pela quantidade. Essa era a opção preferencial de Jesus: formar discípulos. 
Diferentemente dos outros mestres, Jesus ensinava também as mulheres: a mulher samaritana (Jo 4,7-16); Marta e Maria (Lc 10, 38-42). Isso era uma novidade radical numa sociedade em que somente os homens tinham o privilégio de receber instrução da Torá. Jesus via cada pessoa como aquilo que ela é: filha amada do Pai, única e irrepetível, por isso, às vezes, ele ensinava a uma pessoa a sós (samaritana: Nicodemos). 
Quais eram as atitudes de Jesus para com seus ouvintes? Jesus seguia uma pedagogia própria que o tornava inesquecível. Vejamos alguns passos desta pedagogia: 

1. RESPEITAVA SUA LIBERDADE (cf Jo, 8,32). Embora desafiasse as pessoas a tomar decisões em resposta a seu ensinamento, Jesus os deixava livres para aceitar ou rejeitar o que Ele dizia. Propõe, mas não impõe. Jesus não os chama de volta nem ameniza o “discurso duro” que os levou à deserção (cf 6,60.67). 

2. ELE OS AMAVA (cf. Mc 10,21). O amor de Jesus é o reflexo do profundo amor que existe no relacionamento do Filho com o Pai (cf Jo 3,35). Ao amar-nos como o Pai o ama, Jesus revela o amor que Deus tem que conosco e que devemos ter uns para com os outros (cf. Jo 3,16: 13,1.34-35). O amor do Pai e de Jesus gera a formação. Essa é a atitude mais importante na formação. 

3. ELE OS DESAFIAVA. Jesus desafia os seus ouvintes e a nós hoje a assumirmos novas atitudes de pensamento e ação: 
· A renascer (cf Jo, 3,3.5); 
· A ir e não tornar a pecar (cf Jo 5,14; 8,11); 
· A agir com piedade como o bom samaritano (cf Lc 10,37); 
· A lavarem os pés mutuamente (cf Jo 13,14-15); 
· A fazer o bem no dia de sábado (cf Mt 12,12); 
· A amar os inimigos (cf Mt 5,43-44); 
· A servir a Deus e não a riqueza (cf Mt 6,24). 

Como as pessoas reagiam ao ensinamento de Jesus? Muitos reagiam positivamente e admiravam o seu ensinamento, buscavam seus milagres e que riam fazê-lo rei. Já outros reagiam negativamente, especialmente os fariseus, os sadeceus e os sumos sacerdotes.

Sunday, October 27, 2013

São Paulo, um mestre


"Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério. Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima.Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição."(II Tim 4,1-8)

São Paulo nos ajudou muito no Ministério de ensinar e evangelizar. Ele é o grande mestre do “evangelizar sem descanso” (cf 2Cor 11,22s).
Podemos resumir sua metodologia respondendo algumas perguntas a respeito da evangelização feita por ele: Quando? Como? Onde? A quem?

Quando Paulo ensinava?

Paulo começou a ensinar imediatamente após a sua experiência de Jesus ressuscitado, na cidade de Damasco (cf 2Cor 11,32). Ele ensinava nas sinagogas (cf At 9,20); ensinava dia e noite (cf At 20,31); oportuna e inoportunamente (cf. 2Tm 4,2); sem descanso (cf. 2Cor 11,22ss).

Como Paulo ensinava?

Ele falava às multidões (cf. At 14,11); ensinava por meio de cartas (cf. Ef 6,22); por meio de visitas pessoais, particularmente a certas pessoas (At 13, 6-7); aproveitava os acontecimentos e dos fatos do dia-a-dia (cf. At 17,22); orando pelos seus formandos (cf. Rm 16,1-16; 1 Cor 1,4).

Onde Paulo ensinava?

No areópago ateniense, no barco (cf. At 27,21ss), na sinagoga (cf. At 13,14), na praça (cf At 17,170, ou seja, em qualquer lugar.
Ensinou nas oito grandes capitais: na do sarameus, Damasco, a Capital religiosa de Jerusalém, na capital política de Roma, na capital comercial de Antioquia, na capital da estética de Éfeso, na capital do pecado, Corinto, na capital cultural de Atenas e na capital dos “confins da terra”, Espanha.

A quem Paula ensinava?

Aos pobres, as mulheres, aos homens, ao carcereiro, diante de reis (rei Agripa), na casa de César, diante do governador Félix, no sinédrio, nos quartéis militares, nas casas, diante de príncipes e aos judeus e gentios.

Que São Paulo possa ser nosso grande exemplo de evangelização no mundo. São Paulo, rogai por nós!